TEXTO ELABORADO POR
ANDRÉ FELIPE P. FURTADO DE MENDONÇA E MENEZES, ACADÊMICO ELEITO PARA A CADEIRA
Nº 6 DA ACLA.
FOI SENADOR DA REPÚBLICA
Luís Lopes Varela
nasceu em 20 de dezembro de 1893, em Ceará-Mirim. Era Filho de Manuel Gouveia
Varela e de Etelvina Lopes Varela. Casou-se com Antonieta Pereira Varela, com
quem teve Ione Pereira Varela (casada com Eider Varela), Marilda Varela Raulino
(casada com o Capitão João Carlos Raulino) e Roberto Varela (prefeito de
Ceará-Mirim por três oportunidades).
Usineiro por excelência, herdou do pai e do avô, o Barão de Ceará-Mirim, o comando
da Usina São Francisco, maior expoente do período açucareiro de Ceará-Mirim, na
década de 1940. Também nessa época foi prefeito da cidade. Católico atuante,
Lopes Varela sempre se mostrou preocupado com o bem-estar dos seus
funcionários, a ponto de manter nos arredores da usina uma pequena vila de
casas de alvenaria, grupo escolar para as crianças, atendimento
médico-farmacêutico e, claro, uma capela. Anos mais tarde, ele doou para os
funcionários da Usina São Francisco, cerca de trezentos hectares de terras no
Distrito de Capela.
O lado altruístico de Luís Lopes Varela não se limitava aos seus funcionários.
Ele contribuía para diversas obras importantes para a população, como a
construção da sede do SESC-SENAC e na reforma do Teatro Carlos Gomes (hoje,
Alberto Maranhão), ambas em Natal, na década de 1950. Também era engajado em
causas sociais, tendo fundado, juntamente com o médico Percílio Alves de
Oliveira, ente outros nomes, a Associação Ceará-mirinense de Proteção e
Assistência à Maternidade e à Infância, nos anos de 1950.
Provavelmente influenciado por José Varela, governador do Rio Grande do Norte,
à época, Luís Lopes Varela fez parte da chapa para as eleições de 1950, como
candidato a vice-governador. Originalmente, a chapa contava com Café Filho para
governador e Kerginaldo Cavalcanti para senador, além de vários candidatos a
deputados federal e estadual. No entanto, com a candidatura de Café Filho para
vice-presidente do Brasil, a chapa tomou nova forma, vindo Luís Lopes Varela a
se candidatar, e eleger-se, suplente de senador. Na ocasião foram eleitos para
governador e vice-governador, Jerônimo Dix-Sept Rosado e Silvio Pedroza,
respectivamente.
Em 16 de abril de 1951, o senador Kerginaldo Cavalcanti requereu ao Senado
Federal uma licença de quatro meses, a qual foi aprovada naquele mesmo dia. O
suplente Luís Lopes Varela, que estava presente à sessão, foi logo empossado.
Como senador, elaborou o projeto de lei que autorizava o Poder Executivo promover
a trasladação dos restos mortais da escritora potiguar Nísia Floresta
Brasileira Augusta, de Rouen, na França, para o Brasil, que converteu-se na Lei
nº 1.892, de 1953. Os restos mortais de Nísia Floresta somente chegaram ao
Aeroporto Augusto Severo em 12.09.1954, ao que foi recepcionado por autoridades
políticas, inclusive Luís Lopes Varela, além dos presidentes da Academia
Norte-Riograndense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Rio
Grande do Norte.
Homem de muito prestígio com a classe política, Lopes Varela gostava de receber
os políticos e amigos na Usina São Francisco e na sua casa de veraneio, em
Muriú. Café Filho, seu amigo pessoal, era recebido frequentemente por ele,
sendo destaque nos jornais do país. Em 15.10.1953, o Diário de Pernambuco
publicou longa matéria sobre a estada do então vice-presidente na casa de praia
de Luís Lopes Varela. Já em 11.12.1954, O Poti destacou a vinda do então
presidente para um almoço, durante viagem oficial de Café Filho ao Rio Grande
do Norte. Devido a essa amizade, seu filho, Roberto Varela, foi oficial de
gabinete da Presidência da República. Em O Poti de 23.05.1958, foi noticiado
que o então governador Dinarte Mariz passaria três dias na Usina São Francisco,
a convite de seu proprietário, preparando a mensagem governamental que
dirigiria à Assembleia Legislativa do RN. Outro governador que foi recebido por
Luís Lopes Varela foi o Monsenhor Walfredo Gurgel, que, juntamente com o
presidente do Instituto do Açúcar e do Álcool, compareceu à Usina São Francisco
para almoçar e acompanhar a instalação do novo difusor da usina, vindo da
Dinamarca que custou cerca de 2 bilhões de cruzeiros, como se vê no jornal
Diário de Natal de 30.01.1968.
A festa de 70 anos de Luís Lopes Varela foi um grande acontecimento na cidade
de Ceará-Mirim e no Rio Grande do Norte. Entre os cerca de 1.500 convidados que
compareceram à Usina São Francisco, estava o então governado Aluísio Alves,
como noticiou o Diário de Natal, de 21.12.1963.
Luís Lopes Varela morreu em julho de 1976, com 83 anos. Tempos depois, foi
homenageado com o conjunto habitacional Luís Lopes Varela, localizado à direita
da avenida que leva o seu nome, a qual se estende desde a BR 406, sendo a
primeira entrada de Ceará-Mirim, e vai até a Rua Heráclito Villar, na parte
antiga da cidade.
FONTE - SITE ACADEMIA CEARÁ-MIRINENSE DE LETRAS E ARTES “PEDRO SIMÕES NETO”